domingo, 21 de junho de 2009

Registro do 2º Encontro de 2009

Rio de Janeiro, 09 de maio de 2009.

Geppan

Fiquei pensando muito em como iniciaria o relato do último encontro do Geppan. A discussão a respeito do FALE tomou todo nosso tempo e estava tão boa que nem sequer escolhemos quem iria registrá-lo. Então, no final, me ofereci para faze-lo e a Carmen me disse que escrevesse do jeito que eu achasse melhor. Confesso que fiquei apreensiva, pois acho que às vezes escrevo como se estivesse mandando um telegrama.
Então tive a idéia de usar a música que a Jacqueline utilizou no FALE, já que este foi o principal motivo de nossas reflexões. Antecipadamente me desculpem se aqui não consegui contemplar tudo o que dissemos.

Título da Música: O que será que te excita? (Doces Cariocas)

Sabemos bem esta resposta. . A Alfabetização É por isso que aqui estamos. Mas não uma alfabetização qualquer, e sim aquela que faz sentido, que pode dar oportunidades às crianças de usarem todo seu potencial, sua voz, suas hipóteses.

O que será que te anima?
O que será que te anima?
Bonecos de Vitalino
Ou porcelana da China?

Saber que existem colegas que vem realizando trabalhos buscando a cultura do cotidiano das crianças, que os alunos podem observar a funcionalidade da escrita, refletindo e obtendo informações claras e precisas sobre a língua. E podem escrever e podem ler mesmo sem ainda saber...

O que será que te domina?
O que será que te domina?
Exércitos de Roma
Ou a bomba de Hiroshima?

Discutimos que nesse tipo de trabalho a criança recebe pistas da leitura e da escrita, e que seu uso cotidiano, impregnado de sentido e marcas de oralidade é pura prática de linguagem. Ás vezes, uma “bomba” cai em nosso cotidiano, como a proposta apresentada pela SME/RJ, voltando a uma prática descontextualizada da década de 60, com vistas a um novo rumo de alfabetização (reformulada, dizem eles) que prioriza o método fônico e a consciência fonológica com informações que partem da parte para o todo, tentando homogeneizar práticas e atores.


O que será que te balança?
O que será que te balança?
O xote de Don Quixote
Ou o can-can que a França dança?

Pensar a teoria articulada com a prática, adotar o princípio da alteridade, do encontro com o outro, do diálogo, tendo a alfabetização como processo discursivo. Isso nos balança e nos indigna depararmos com práticas tão retrógradas!

O que será que te adormece?
O que será que te adormece?
Mágicas no cabelo
Ou um abraço que te aquece?

Refletir, pesquisar, nos tornarmos autores de nossa prática. Por vezes acreditar que nos colocamos em diferentes lugares para observar, de outro lugar onde talvez possamos estar “adormecidos”...

O que será que te excita?
O que será que te excita?
A cachaça Ipióca
Ou o tinto da Periquita?

Fazemo-nos perguntas. Que concepções nos habitam? Que métodos ou caminhos seguir? E nos excita pensar que precisamos nos tornar mais competentes, que necessitamos buscar os pressupostos que embasam nossa prática. Explicitar que concepções de mundo, de criança e de política temos. Fazer um exercício de meta, nos arriscarmos – “sermos o outro de nós mesmos...”.

O que será que te dá vida?
O que será que te dá vida?
A saudade da chegada
Ou a certeza da partida?

Ao final, propostas foram apresentadas. Idéias foram geradas e colocadas em discussão. Concordamos que acertamos em cheio quando escolhemos o Tema: Alfabetização sem cartilha? Por onde começar?”, entendemos que é um assunto inesgotável e iremos continuar a conversa, explicitando nossos pressupostos e a teoria que embasa nossas ações.
Nos anima – “filhotes do FALE em São Gonçalo e em Três Rios”;
Nos domina – o local lotado com pessoas que incomodadas buscam uma mudança...
Nos balança – a oportunidade de refletir nossa prática, mas não
Nos adormece – apesar de alguns obstáculos encontrados e
Nos excita e nos dá vida – saber que juntos podemos e iremos continuar e continuar...e continuar.

Por Gisele Silva