domingo, 31 de maio de 2009

E lá vem história...

A alfabetização, período da efetiva aprendizagem da leitura e da escrita, é um dos períodos mais importantes na vida da criança, e ainda hoje essa aprendizagem faz parte de uma rotina mecânica, repetitiva e sem sentido.
A partir da década de 80, com as pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, junto com a concepção interacionista, o foco do estudante passou a ser a reflexão sobre o sistema de escrita, com seus usos e funções.
Depois que comecei a mudar a minha prática e estudar acerca do processo de alfabetização, pude perceber melhor tudo isso, porém nada me fez refletir melhor sobre o assunto, do que ouvir de um aluno algo que considero importantíssimo, principalmente para aquelas pessoas que ainda veem no ideário positivista que referencia o método tradicional, a melhor maneira de alfabetizar.
No dia do meu aniversário, propus aos alunos que fizessem um cartão para mim, pois estaria trabalhando um texto real para um destinatário também real.
Sentei perto do Lucas, o qual tirava algumas dúvidas comigo sobre ortografia e ao mesmo tempo conversava com uma colega sobre a professora do ano passado, antes de ir para minha turma em setembro e perguntei:
_ você gostava da professora?
_ Gostava, quer dizer, mais ou menos.
_ Por que mais ou menos?
_ Ela botava a gente para copiar muita coisa.
_ Ué, eu não coloco para copiar?
_ Não professora, você coloca a gente para escrever!
Fiquei feliz por estar indo pelo caminho certo e surpresa de ver que uma criança conseguiu perceber a diferença entre copiar e escrever com uma finalidade.
Percebi que a melhor maneira de estimular os alunos a aprenderem é trabalhar com a construção, usando o processo discursivo como bem fala Bakhtin, pois o aluno passa a ser visto como sujeito ativo e não como um mero reprodutor de modelos.

Por: Carla Bronzeado

Um comentário:

GEPPAN disse...

Como é bom poder partilhar dessas histórias que demonstram cada vez mais a importância de estarmos unidos por um ideal possível: a alfabetização significativa!
Gisele